Débora Pimentel
01 janeiro 2025
13 min para ler
Este estudo vai falar sobre o Tabernáculo e vai-nos ajudar a perceber como podemos chegar a Deus e estar em comunhão com Ele.
Para contextualizar, o tabernáculo era uma tenda que foi mandada construir por Deus após Ele ter dado as Leis. Leis essas que iam dar ao homem a consciência clara de pecado. Por exemplo, se eu não tiver nenhuma lei que me impeça de avançar com o sinal vermelho, eu estou a infringir alguma regra se o fizer? Não. Então, as Leis foram dar um peso diferente ao pecado que até então não existia. Coisas que antes não eram consideradas erradas passaram a ser. O povo podia ter uma consciência dada por Deus que algumas coisas eram erradas, como tirar a vida a alguém, mas com as Leis já não haveria desculpas porque estava escrito como agir, e quem não cumprisse teria consequências.
Quando pecamos, devemos pedir perdão. Mas nessa altura, Jesus ainda não tinha vindo para morrer pelos nossos pecados. Por isso, o que faziam quando cometiam pecado? Sacrificavam um animal. Agora vamos imaginar aqueles homens todos que estavam no deserto (vamos dizer que eram pelo menos 600 mil) a fazer sacrifícios quando queriam, onde queriam. Seria o caos e rapidamente ficariam sem animais. Então, houve a necessidade de criar um espaço onde estes sacrifícios pudessem ser feitos com regras e ordem. E assim, o povo tinha um espaço onde podia adorar a Deus e sentir a Sua presença.
Então, Deus manda Moisés fazer um Tabernáculo (Êx. 25.1-9; 40.34-38). Tabernáculo significa “habitação”, ou seja, o Tabernáculo ia ser a habitação de Deus aqui na terra. Este Tabernáculo para além de mostrar que Deus estava no meio deles, ia trazer os meios necessários para a sua vida espiritual.Vamos então ver como era esse Tabernáculo e de que forma ajudava o povo a chegar a Deus e como pode ajudar-nos também.
Um tabernáculo era um lugar de culto, de adoração a Deus, em forma de tenda. Sendo que o povo estava no deserto e andava de uma terra para outra tinham de ter uma estrutura que desse para desmontar e para ser transportada.
O Tabernáculo ia com o povo para onde quer que este fosse, nós também devemos levar Deus connosco para todo o lado. Deus está sempre connosco, mas nós nem sempre estamos com Ele.
Então, Deus diz a Moisés para o povo trazer o que tivesse como: ouro, prata, bronze, tecidos, peles de animais, azeite, perfumes, etc. Grande parte destes objetos foram os ofertados pelos egípcios quando o povo estava a sair do Egito.
O povo foi convidado a trazer tudo o que tinha para a construção do Tabernáculo e, da mesma forma, Deus convida-nos a darmos tudo o que temos para uma vida de comunhão com Ele.
Depois, Deus começou a dar instruções de como queria que o Tabernáculo fosse construído para o que povo fizesse tudo de acordo com as Suas ordens.
FORA DO TABERNÁCULO (Nm. 2:1-34)
Fora do Pátio do Tabernáculo o povo foi dividido por doze tribos que correspondiam a 10 dos filhos de Jacó (ficando a faltar José e Levi), também chamado de Israel (daí o nome de “tribos de Israel”), e dois filhos de José (Manassés e Efraim).
As tribos foram divididas à volta do Tabernáculo (Nm 2), e assim o povo ficava acampado em tendas à voltado tabernáculo.
Tal como as tribos estavam dispostas à volta do Tabernáculo para que Deus ficasse no centro. Deus também quer estar próximo de nós e ser o centro das nossas vidas.
A tribo de Levi, como tinha a responsabilidade de cuidar do Tabernáculo e da parte espiritual do povo, ficava dentro do Tabernáculo.
Deus queria que o povo estivesse próximo Dele e por isso mandou construir o Tabernáculo dando ordens que ficasse no meio do acampamento.
O simbolismo do Tabernáculo também é muito importante nos dias de hoje. Da mesma forma que Deus pediu a Moisés para o construir no meio do povo, Deus também o quer hoje nas nossas vidas. Deus continua a querer ser o centro da nossa vida.
Por cima do Tabernáculo estava Deus em forma de nuvem durante o dia e em forma de fogo durante a noite e sempre que a nuvem se movimentava o povo tinha que desmontar o Tabernáculo e segui-La. Quando a nuvem parava o povo voltava a montar o Tabernáculo.
Da mesma forma que o povo seguia a vontade de Deus indo para onde a coluna de nuvem ou de fogo lhes indicava, nós também devemos seguir a vontade de Deus, fazendo aquilo que Ele nos diz.
O Tabernáculo ia ser composto por três partes: o Pátio exterior e, dentro do Tabernáculo, o Lugar Santo e o Santo dos Santos. E ia ter seis objetos muito importantes.
O Pátio
O átrio tinha 45m de comprimento por 22m de largura (mais ou menos as medidas de um campo de futsal). Quando se entrava no pátio, encontrava-se primeiro o Altar do Holocausto, depois a Bacia de Bronze e por fim a tenda do Tabernáculo.
O Altar do Holocausto era onde o povo ia levar os cordeiros para serem sacrificados por forma a serem perdoados do pecado. Por dia eram realizados pelo menos dois sacrifícios.
Este altar era quadrado feito de madeira e coberto de bronze e a cada ponta tinha um chifre também revestido a bronze.
O cordeiro usado para o sacrifício tinha de ser novo e sem defeito, tinha de ser morto e tinha de haver derramamento de sangue. Era esse sangue, de um inocente, que, simbolicamente, limpava o pecado do povo. O pecador merecia morrer por causa do seu pecado, mas o cordeiro era morto no lugar dele
Nós ainda precisamos oferecer sacrifícios? Não! Porquê? Porque Jesus ofereceu-se como um cordeiro, sem defeito e sem pecado para ser sacrificado numa cruz e morrer por todos os nossos pecados. Antes Dele, o ritual dos sacrifícios era constante, mas Jesus morreu uma única vez por todos os nossos pecados.
O pecador merecia morrer por causa do seu pecado, mas o cordeiro era morto no lugar dele. Nós, também, merecíamos morrer pelos nossos pecados, mas Jesus sacrificou-se por amor a nós.
João 1.29 diz-nos que Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Então, o Altar do Holocausto torna-se real nas nossas vidas quando percebemos que somos pecadores e queremos receber a salvação que Jesus nos deu ao morrer na cruz.
A seguir ao Altar do Holocausto vinha a Bacia de Bronze que servia para os sacerdotes lavarem as mãos e os pés antes de entrarem no Lugar Santo (a entrada da tenda), e isto tinha de ser feito todas as vezes que quisessem lá entrar. Esta lavagem simbolizava a pureza que, era necessária para entrarem no Lugar Santo.
Esta bacia era em bronze, feita dos espelhos das mulheres, e estava cheia de água.
Só os sacerdotes é que podiam entrar no Lugar Santo por isso só eles é que usavam esta bacia.
A Bacia de Bronze era usada para purificação antes de entrarem no Lugar Santo.
Quando aceitamos Jesus como Senhor das nossas vidas continuamos a pecar, por isso, temos de confessar os nossos pecados para estarmos puros diante de Deus.
O pecado separa-nos de Deus, por isso quando pecamos não conseguimos estar em comunhão com Ele. Então, é necessário confessarmos os nossos pecados.
A Bíblia diz que Jesus é a “Água Viva” (Jo 4.13-14) e por isso só Ele nos pode purificar.
A TENDA
O Tabernáculo tinha 13,5m de comprimento por 4,5m de largura e 4,5m de altura.
A tenda tinha várias cobertas para proteger o espaço interior. A primeira coberta tinha cortinas de linho com desenhos de querubins com fios de cor roxa, vermelha e azul. A segunda coberta era composta de onze cortinas de pelos de cabra. A terceira coberta era feita de peles de carneiro tingidas de vermelho. E, a quarta coberta, era feita de peles finas de animais marinhos (pensa-se que seja de texugo).
Agora vamos ver o que havia de tão especial dentro da tenda para que os sacerdotes se tivessem de purificar.
O Tabernáculo tinha várias cobertas. A primeira, com querubins à sua volta guardando todo o espaço interior da tenda, mostra que Deus guarda os que Lhe são fieis. Nas outras três cobertas podemos ver a natureza humana de Jesus e o Seu sofrimento levando-nos a pensar em tudo o que Ele fez por nós.
Por outro lado, todo o ouro encontrado dentro da tenda mostra a natureza divina de Jesus e por isso temos de O adorar como Senhor e Rei das nossas vidas.
O Lugar Santo
Já dentro do Tabernáculo havia uma primeira divisão chamada de Lugar Santo. No lugar Santo só podiam entrar os sacerdotes.
Dentro do Lugar Santo estavam a Mesa dos Pães à direita, o Candelabro à esquerda e ao fundo o Altar de Incenso.
A Mesa dos Pães era feita de madeira e coberta de ouro. Nesta mesa estavam jarros, taças e pratos todos feitos em ouro. Estavam também doze pães, que representavam as doze tribos de Israel. Esses pães eram comidos aos sábados pelos sacerdotes e colocados novos. Os pães eram uma oferta do povo a Deus e nunca podiam faltar na mesa.
A mesa dos pães era uma oferta do povo a Deus.
Os pães, eram uma oferta do povo a Deus e não podiam faltar à mesa. Da mesma forma devemo-nos oferecer a Deus e estar sempre na Sua presença.
Segundo João 6.35, quem é o nosso pão? Jesus! Assim, da mesma forma que os Sacerdotes se alimentavam desse pão nós também devemo-nos alimentar de Jesus.
Neste sentido, depois de sermos purificados devemo-nos oferecer a Deus e permitir que seja Ele a dirigir a nossa vida.
O Candelabro era todo feito em ouro, tinha seis braços e levava sete lâmpadas cheias de azeite para dar luz ao lugar.
O Candelabro, representava a luz de Deus, e por isso nunca se podia apagar.
Deus é a nossa luz, e por isso, os sacerdotes nunca podiam deixar o Candelabro se apagar.
O Salmo 119.105 diz que a Palavra de Deus, a Bíblia, é a luz para o nosso caminho. Por isso, da mesma forma que o Candelabro dava luz ao Lugar Santo, nós devemos ler a Bíblia para sermos guiados por Deus no caminho certo.
Em João 8.12 Jesus diz-nos que Ele é a “Luz do mundo”. E por isso, somos convidados a seguir essa Luz. Assim, depois de sermos perdoados e purificados, ficamos com os olhos abertos para seguir a Jesus.
Este altar, era todo coberto de ouro, e servia para se queimar incenso, que representava as orações do povo de Deus. Assim, o fumo do incenso subia a Deus.
A oração é muito importante, é através dela que entramos em comunhão e dependência de Deus. Da mesma forma que o fumo do incenso subia até Deus, as nossas orações também vão até Ele, e, porque o pecado impede que Deus nos ouça (Sl 66.18), pois deixamos de estar em comunhão com Ele, temos de passar primeiro pelo perdão e purificação dos pecados.
O Santo dos Santos
Depois do Lugar Santo, vinha uma divisão chamada de Santo dos Santos. A separar essas divisões estava um véu com várias cores e com querubins bordados.
Este véu é como o que foi rasgado de alto a baixo no templo depois de Jesus morrer, significando que com a Sua morte, já nada nos ia separar de Deus.
A arca era feita de madeira e coberta de ouro. A tampa da arca tinha dois querubins em ouro (os querubins, são anjos com quatro asas, a sua função era a de guardas). A Arca da Aliança simbolizava a presença de Deus entre o povo.
Assim como a Arca da Aliança simbolizava a presença de Deus entre o povo, nós temos de ter esta presença na nossa vida.
Dentro da arca estavam as Tábuas da Lei, uma Taça em ouro com Maná e a Vara de Arão. Estes objetos lembravam o que Deus tinha feito pelo povo.
As Tábuas da Lei mostravam a importância de se obedecer aos mandamentos de Deus, a taça com Maná mostrava como Deus cuida de nós e a Vara de Arão mostrava o poder de Deus. E continua a ser importante lembrarmo-nos constantemente que devemos obediência ao Deus que nos providência tudo e tem todo o poder.
OS SACERDOTES E O SUMO SACERDOTE (Nm. 3:5-39, Lv. 21:1-24)
Os sacerdotes pertenciam à tribo de Levi e estavam encarregues de oferecer os sacrifícios a Deus pelo povo e de tratar dos cuidados necessários no Tabernáculo assim como a responsabilidade de montar, desmontar e transporta-lo. Eram eles que tratavam de toda a parte espiritual do povo.
O Sumo Sacerdote, era o principal entre os sacerdotes, e o líder espiritual do povo. E, anualmente, o chefe dos sacerdotes era autorizado a entrar no Santo dos Santos levando uma oferta de sangue para tirar os seus pecados e os do povo. Essa oferta era derramada sobre a tampa da Arca da Aliança (o propiciatório) para simbolizar o perdão de Deus.
Relativamente aos Sacerdotes, a Bíblia diz em Apocalipse 1.5-6 que todos os que entregaram a sua vida a Jesus como Senhor da sua vida são sacerdotes, por isso, todos temos responsabilidades no serviço e louvor a Deus.
O nosso Sumo Sacerdote é Jesus (Hb 4.14-16), por isso, devemo-nos chegar a Ele para recebermos o Seu amor.
CONCLUSÃO
Podíamos dizer que o Tabernáculo já não faz sentido nos dias de hoje. Que depois da vinda de Jesus já nada daquilo é necessário, mas não é verdade. Que bom seria se fossemos tabernáculos, um lugar onde Deus habita.
O Tabernáculo mostra-nos como a morte de Jesus (Altar do Holocausto) foi importante, mas para isso, temos de entregar as nossas vidas a Jesus.
Depois temos que nos purificar constantemente (Bacia de Bronze), confessando os nossos pecados, porque sempre que pecamos estamos a afastar-nos de Deus.
O Tabernáculo também nos mostra a necessidade de nos oferecermos a Deus e de estarmos sempre na presença Dele (Mesa dos Pães). E, para que esta comunhão se dê, temos que conhecer o Deus que queremos seguir e amar lendo a Bíblia que é a nossa luz (Candelabro) e orando (Altar do Incenso) para estarmos na Sua presença (Arca da Aliança) e podermos lembrar-nos que Deus deixou-nos a Sua Palavra (Tábuas da Lei), que Ele está no controle de tudo (Taça com Maná) e que Ele tem todo o poder (Vara de Arão).
Assim como Deus colocou o Tabernáculo no meio do povo, Ele também quer estar no meio de nós. Agora, não num Tabernáculo, mas no nosso coração.
Que isto possa ser uma realidade na nossa vida.
Junta-te a nós