Débora Pimentel
09 maio 2025
5 min para ler
Às vezes temos uma maçã com ótimo aspeto, mas quando a trincamos vemos que está podre por dentro.
Isto acontece porque junto às sementes, no centro da maçã, existem espaços vazios, lugar ideal para os fungos. Assim a maçã começa a apodrecer do centro para fora. Aparentemente ela é bonita, mas por dentro está podre.
O mesmo acontecia com os fariseus na época de Jesus. Os fariseus eram um grupo muito religioso que se preocupava em cumprir as leis de Moisés e de as interpretar.
Mas os fariseus viviam de aparências tendo uma falsa espiritualidade.
ACUSAÇÕES CONTRA OS FARISEUS- Mateus 23:1-35
A religião que os fariseus adotavam era a que Deus tinha dado, mas eles fizeram algumas alterações colocando-as à sua maneira, acrescentando leis para os fazer parecer mais santos que os outros.
A motivação deles não era a correta, não era a de uma vida transformada, mas de uma vida de aparências. A religiosidade deles impedia-os de serem realmente transformados.
Eles achavam-se tão perfeitos que não precisavam de mais nada.
Por isso Jesus critica a hipocrisia dos fariseus.
Os fariseus não viviam o que ensinavam
Os fariseus conheciam de cor as leis e sabiam como ninguém apontar os erros dos outros e indicar o caminho certo para se viver. Por isso, Jesus disse para porem em prática o que eles diziam, porque era correto, era a lei de Deus. Mas não deviam imitar o que faziam (v.3).
Podemos dizer que os fariseus eram: “Faz o que eu digo, não faças o que eu faço”. Os fariseus não viviam o que ensinavam. Eles, pelo que diziam, pareciam mostrar santidade, mas na prática essa santidade não existia.
Os fariseus acrescentavam coisas à Lei
A segunda crítica que Jesus faz é o facto de fazerem leis que não foram criadas por Deus. Eles iam além da Lei, da Palavra de Deus (v.4), eles acrescentavam invenções deles à lei.
No verso 5, Jesus condena a vida de aparências que levavam.
Os fariseus mostravam uma falsa religiosidade
As “frases piedosas na testa” eram umas caixas de couro onde eram colocadas partes da lei e que amarravam na testa e no pulso (Dt 6:8). As franjas eram uma espécie de rosário onde contavam as orações que faziam. Quanto maiores as franjas, mais orações.
O versículo de Deuteronómio 6.8, que fala desta prática, está a dizer que a Lei de Deus devia estar na mente e no coração das pessoas, mas os fariseus queriam ser literais, para mostrar a todos o quanto eram religiosos, e por isso aumentavam o tamanho das caixas e das franjas, que iam até ao chão, para aparentarem uma elevada religiosidade.
Os fariseus auto-exaltavam-se
A quarta coisa que Jesus condenou nos fariseus foi a auto-exaltação. Os fariseus usavam a religião para se promoverem perante os outros. Nos banquetes e nas sinagogas queriam os melhores lugares (v.6) e gostavam de ser tratados com o título de mestres (v.7).
Mas Jesus diz que deviam ter vergonha de serem chamados de mestres.
E o versículo 12 mostra o resultado destas atitudes: Quem se engrandece será humilhado por Deus.
Os fariseus afastavam as pessoas de Deus pelo seu mau testemunho
Jesus condena os fariseus por impedirem outros de serem salvos devido ao seu mau testemunho (v.13). Eles estavam a caminhar para o inferno e a levar muitos com eles.
Os fariseus usavam a religião para explorar as pessoas
Os fariseus usavam a religião como uma capa para esconder pecados. Eles iam a casa das viúvas para orarem por elas, mas cobravam por isso e quanto mais tempo orassem mais cobravam (v.14).
Os fariseus viviam de aparências
Os fariseus preocupavam-se com o exterior, esquecendo o interior (v.25-28).
Eles pareciam justos. Impressionavam pela aparência. Pareciam perfeitos, mas por dentro estavam podres. No seu interior só havia hipocrisia e pecado.
Jesus termina a dizer aos fariseus que iria cair sobre eles o castigo por todos aqueles que levaram ao engano atrás de aparências e mentiras (v.35).
MAS SERÁ QUE ISTO SÓ SE PASSA COM OS FARISEUS?
Quantas vezes arranjamos desculpas e regras para justificar o estilo de vida que levamos?
Quantas vezes somos tão santos para apontar os defeitos dos outros que nos esquecemos de olhar para os nossos?
Quantas vezes somos tão puros a ensinar os outros o caminho correto a seguir quando nós fazemos completamente o contrário?
Quantas vezes dizemos uma coisa, mas fazemos outra?
Quantas vezes aparentamos uma falsa religiosidade? Batizamo-nos, ajudamos na EBD, cantamos no coro da igreja, mas na escola, no trabalho, na vizinhança, entre amigos e até em casa envergonhamos o nome de Deus.
Será que não vivemos também de aparências?
Será que não nos engrandecemos mostrando na igreja uma falsa espiritualidade?
Será que o nosso testemunho de vida está a afastar as pessoas de Deus em vez de as levar a Cristo?
Será que estamos a esconder as nossas vidas de pecado mostrando aquilo que não somos?
Será que somos como estes fariseus?
Será que somos maçãs bonitas por fora, mas podres por dentro?
1Samuel 16.7 diz que o homem vê a aparência, mas Deus vê o nosso coração.
Muitas vezes, refugiamo-nos nas boas aparências, mas o nosso interior está cheio de lugares vazios que estão preenchidos pelo pecado, que estão a apodrecer-nos por dentro. Por isso temos de reconhecer o nosso pecado e arrependermo-nos. Temos de tratar do nosso interior e trabalhar no sentido de sermos aquilo que mostramos.
Se não tratarmos do nosso interior, do nosso pecado, o nosso exterior vai acabar por se revelar e seremos humilhados como Jesus alertou no versículo 12. Mas se tratarmos do nosso pecado e nos humilharmos perante Deus, Ele exaltar-nos-á.
Junta-te a nós